sábado, 28 de julho de 2012

Ser Clandestino – Parte I



O tempo grunhia nas janelas do quarto do hotel. E as mesmas coisas já não eram as mesmas coisas de ontem. Eu deslizava radiante entre os lençóis brancos e submergia a cada suspiro mais profundo e triste. Nada seria mesmo como antes. E, de tudo que possa ter sentido, nada, nada realmente fazia sentido. Eu queria mesmo era procurar o raio de sol que tinha nome próprio, e depois disso, aquecer meu corpo como no banho que acalenta sempre minhas horas mais terríveis do dia.
Eu queria ir pra junto das especiarias do mercado publico e me esquecer nos aromas estrangeiros ao meu olfato. Mas tudo suplicava o meu retorno, e eu não mais queria as mesmas coisas. Eu já era diferente. Eu já estava diversa e na iminência de uma aceitação clandestina. Sentia vergonha, às vezes, chorava. Mas isso de nada iria importar. O choro era só mais uma consequência das horas de solidão que também de nada importava. O senhor sol, a dona lua e todos os pronomes e nomes adjetivados nada poderiam fazer par destilar as angustias do meu momento. E foi assim que me vi, atenta às súplicas do meu corpo que transgredia os limites do que me era acessível até o momento. E me fui forçada, como que com uma faca nas costas, a dizer sim a essa vida. Era ela que me dizia pra seguir adiante, que nada podia além de continuar caminhando, apesar dos novos sapatos.

Um comentário:

mauro camargo disse...

vc gritou: libertas quae sera tamen???