domingo, 26 de outubro de 2008

Nudez

Estávamos todos naquela casa e dormíamos. Alguns. Outros se acendiam em conversas pra lá de quentes. Uns com seus dramas pessoais. Outros, com pessoas mais que dramáticas. O sangue fervia entre pernas, copos, urinóis e redes. O indício que a noite seria agitada e de que algo muito importante aconteceria era visível.
Um homem, em trajes sumários, passa pela cozinha em direção à rua gritando desesperado vendo seu automóvel quase que destruído totalmente pelo fogo.
Desespero, gritos, pessoas se esbarrando nos corredores da casa minúscula.
A casa dos cômodos transparentes se acendia como incêndio em selva virgem e deixava transparente também todas as relações que se enclausuravam entre as paredes. Era como se o sol estivesse saído antes do tempo e pego todos de surpresa.
Nada se entendia sobre o fogo, o carro e os homens daquela casa. Todos estavam entorpecidos com seus desejos acordando. A nudez da casa e das pessoas era maior e mais visível nos olhos do que no corpo.

sábado, 11 de outubro de 2008

Aguardo

Por mais que Glaci lavasse o sofá, uma mancha circular incomodava o tecido antes homogêneo. Exausta, ela desistiu.

( Gregore Haertel )